Comentário sobre "Helvética"

HELVÉTICA

A discussão feita no documentário chama atenção para o cuidado que se deve ter ao optar por designs objetivos, simples e minimalistas. A fonte Helvética se consolidou nesse meio exatamente por ser mais limpa, moderna e de fácil compreensão. Porém, de fato, depois de mais de cinquenta anos de uso desse estilo, é fácil cair na monotonia. É compreensível que o objetivo da fonte seja a neutralidade, para que a mensagem seja o foco. Porém, esse aspecto é análogo à crítica de Hertzberger: algo extremamente adaptável acaba por ficar sem uma identidade própria. Por esse ponto de vista, a Helvética faz um desfavor à própria tipografia, ao tirar o valor de si mesma.

Além disso, a questão da legibilidade também se faz muito presente. O estilo grunge - o oposto dionisíaco da tão apolínea Helvética - reforça a teoria de que a comunicação independe do quão legível se faz a escrita. Entretanto, precisa-se admitir que, em contextos mais cotidianos (ainda mais ao se tratar de elementos organizadores de grandes fluxos de pessoas), a objetividade e o rápido entendimento causado por fontes mais simples é essencial. Logo, vem à tona a necessidade pelo caráter mutável da tipografia, que deve ser capaz de se adaptar não só aos seus diversos contextos de utilização, mas, também, ao tempo.


Toda essa reflexão diz muito sobre a grande importância dos pequenos detalhes no cotidiano das pessoas e do quão minucioso um profissional da área de design deve ser. Algo que a maioria comum quase não pensa sobre (qual fonte é a mais adequada para se utilizar em cada situação) faz-se muito influente em possibilitar ou influenciar a interpretação da mensagem a ser transmitida.

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